Essa semana eu consegui colocar retículas nas páginas de GAN. Estou realmente terminando e logo enviarei para a revisão. A capa ainda eu não fiz, mas vou fazer essa semana, já tenho uma ideia e acho que vai ficar legal. Coloquei uma das páginas aqui como prévia. Espero que gostem.^^
Como eu já comentei aqui, esse shounen tem mais de dez anos que foi concebido. Claro que de lá pra cá houve mudanças no roteiro e até nos personagens. Eu tinha sonhado com essa história e resolvi escrevê-la. Eu me lembro que estava começando a querer ser profissional de mangá e fui ao evento da ABRADEMI e lá conheci a Montserrat do Seasons. Eu e a Soni mostramos nosso portifólio a ela ( na época portifólio era algo físico rsrs Uma pasta cheio de desenhos pintados à mão) e fomos convidadas por ela a fazer aulas de roteiro. Eu já tinha algumas ilustrações de GAN.
Como naquela época eu e a Soni não tínhamos onde cair mortas, nós ficamos juntando dinheiro para voltar a São Paulo e ter aulas com a líder do já conhecido Studio Seasons. Entramos em contato com a Mont e fomos ao encontro dela numa escola na Vila Madalena se não me engano. Conversamos bastante e depois aceitamos ter aulas em sua casa, que na época era em Guarulhos. Depois disso ficamos indo pra lá por alguns meses. Era muito difícil ter grana pra pegar ônibus daqui pra Sampa e depois mais um ônibus para Guarulhos, mas a gente ia feliz porque sabíamos que ampliar nossos conhecimentos era importante. Eu fiz os esquetes de GAN e escrevi o roteiro para a Mont analisar depois que ela nos mostrou como fazer. Ela lia e depois debatíamos a história. Eu lembro da Mont falando que GAN teria que se passar em outro mundo porque provavelmente não ia colar uma história no Brasil. Naquela época de fato talvez não fosse aceito, mas eu já pensava diferente, queria que uma história se passasse aqui. Hoje fazer um mangá no Brasil é algo que todos querem, mas no começo dos anos 2000 era algo a se pensar. O yaoi então, era coisa completamente fora de questão ser publicado por uma editora. Graças a Deus, as coisas mudam.^^ Bom, eu adorava ir na casa da Mont e aprender mais sobre as técnicas de roteiro e quadrinhos. Aprendi muitas coisas e foram dias felizes apesar do sufoco que eu e a Soni passávamos pra conseguir uma graninha e pagar as aulas. Lembro que no fim da aula ela servia um lanche pra nós. Nossa...aquilo era tudo. Estávamos mortas de fome porque não podíamos comer nada já que o dinheiro era curto. Uma vez eu estava dentro do ônibus indo pra Guarulhos e vi a barraquinha de espetinhos que ficava fora da rodoviária do Tiete, e de tanta fome que eu tava a linguiça caiu no chão...o cara colocou de volta pra assar...mas fiquei com vontade de comer do mesmo jeito...coitado do cliente que ia comprar aquilo depois. Mas era assim a nossa vida como iniciante de mangaká. Não tínhamos grana e mesmo assim nos esforçamos. A recompensa viria com certeza. Quase publicamos com a editora Hunt que publicava os mangás do Seasons, mas ela faliu antes. Uma pena...Tudo foi indo bem e fizemos um evento em Taubaté, o Seasons veio e deu uma palestra. O evento foi duca de fazer também porque não havia verba, nos juntamos com uma amiga e meu irmã ajudou. Conheci o Ju-sama que também ajudou no evento mesmo sendo visitante. O evento foi num lugar cedido de graça e foi até bem sucedido.
Eu lembro que antes do evento eu e a Soni ficamos sozinhas sem comida lavando tudo porque tinha pombos que cagavam em tudo e colocamos os desenhos na parede até tarde da noite numa tempestade assustadora. A gente sofreu...no segundo dia de evento eu dormia em pé de cansaço. Desde esse evento nunca mais me aventurei em realizar outro. É muito duro e sem uma equipe grande, sem patrocínio é pedir pra sofrer. As pessoas reclamam dos preços dos eventos, mas a maioria não tem ideia de como é foda realizar um evento por menor que seja, imagina um evento de grande porte. Sei que paramos com os eventos porque nosso objetivo era desenhar e não ser produtoras de evento. Mas foi bom a experiência, conheci a Simone e a Sylvia. Elas são muito fofas e talentosas e eu tenho saudade daqueles momentos. Acho que o Ju tem uma foto do evento, depois peço pra ele uma cópia. Então, GAN faz parte do começo da minha vida profissional de mangaká e tive dicas valiosas que ajudaram a história a ser como é hoje. Eu e a Soni continuamos nosso aprendizado depois do fim do curso com a Mont e conseguimos publicar. Espero que a Montserrat sinta orgulho do Futago algum dia, pois queremos honrar nossas aulas e todas as dicas que foram nos passadas. Talvez ela não tenha se orgulhado muito por termos lançado BL ( º-º'), sei lá, mas ela fez parte do nosso sonho de ser mangaká. Espero que o Seasons publique muitos mangás e tenha o merecido reconhecimento.
Acho que de lá pra cá nosso sonho de ser mangaká só cresceu e muitas coisas nos ajudaram a evoluir, como computadores melhores, internet e principalmente o público que entende melhor o que é o mangá agora. Sinceramente olhando pra trás, nem sabemos como exatamente a gente continuou. Não tínhamos grana nem pra comprar uma aquarela boa pra pintar. Eu só ficava olhando a Mont mostrar os materiais profissionais, já sabendo que não ia comprar mesmo. Mas o que mais usamos foi o conhecimento que foi nos passado. Isso ajudou de verdade porque mesmo sendo autodidata chega uma hora que não é possível evoluir além sem um contato com os profissionais da área que vc quer fazer parte. O "pulo do gato" vem com a experiência de outro. Muitas dicas que ela nos passou não funcionaram com a gente, tivemos que fazer do nosso jeito, mas as dicas foram valiosas. Muita coisa mudou e tivemos que nos adaptar. Antes o artista ia até a editora e mostrava seu portifólio, mas com a gente isso nunca funcionou porque não podíamos ir até as editoras por falta de grana e por sermos desconhecidas ninguém aceitava nos receber e muito menos achava que éramos capazes de desenvolver as ideias que tínhamos. Havia um preconceito com nosso traço que sempre foi mimético. Os editores achavam que era mera cópia e não queriam ler o roteiro. Por isso resolvemos enviar a história já desenhada com capa e tudo, mas isso só deu certo porque os editores começaram a receber trabalhos por e-mail. Eles não precisam ver a cara do artista e muito menos dizer sim ou não, porque recusar uma obra na cara do artista deve ser difícil também. Eles perderiam tempo sendo "legais".
Ah! Uma coisa que eu acho que a Mont não sabe é que foi graças a ela que descobrimos a HQM. Mas eu não tentei a HQM, eu tentei a Quadrix, a Soni que entrou em contato com o editor Carlos quando a Quadrix estava demorando pra lançar o Príncipe do Best Seller. Seria mais uma honra sair junto com a Sensei, mas ela acabou não publicando com a HQM e foi para a NP. Agora estamos conseguindo nosso lugar ao Sol e espero lançar mais mangás. Bom, esse é o começo da jornada de GAN. beijos a todos.^^
Como eu já comentei aqui, esse shounen tem mais de dez anos que foi concebido. Claro que de lá pra cá houve mudanças no roteiro e até nos personagens. Eu tinha sonhado com essa história e resolvi escrevê-la. Eu me lembro que estava começando a querer ser profissional de mangá e fui ao evento da ABRADEMI e lá conheci a Montserrat do Seasons. Eu e a Soni mostramos nosso portifólio a ela ( na época portifólio era algo físico rsrs Uma pasta cheio de desenhos pintados à mão) e fomos convidadas por ela a fazer aulas de roteiro. Eu já tinha algumas ilustrações de GAN.
Como naquela época eu e a Soni não tínhamos onde cair mortas, nós ficamos juntando dinheiro para voltar a São Paulo e ter aulas com a líder do já conhecido Studio Seasons. Entramos em contato com a Mont e fomos ao encontro dela numa escola na Vila Madalena se não me engano. Conversamos bastante e depois aceitamos ter aulas em sua casa, que na época era em Guarulhos. Depois disso ficamos indo pra lá por alguns meses. Era muito difícil ter grana pra pegar ônibus daqui pra Sampa e depois mais um ônibus para Guarulhos, mas a gente ia feliz porque sabíamos que ampliar nossos conhecimentos era importante. Eu fiz os esquetes de GAN e escrevi o roteiro para a Mont analisar depois que ela nos mostrou como fazer. Ela lia e depois debatíamos a história. Eu lembro da Mont falando que GAN teria que se passar em outro mundo porque provavelmente não ia colar uma história no Brasil. Naquela época de fato talvez não fosse aceito, mas eu já pensava diferente, queria que uma história se passasse aqui. Hoje fazer um mangá no Brasil é algo que todos querem, mas no começo dos anos 2000 era algo a se pensar. O yaoi então, era coisa completamente fora de questão ser publicado por uma editora. Graças a Deus, as coisas mudam.^^ Bom, eu adorava ir na casa da Mont e aprender mais sobre as técnicas de roteiro e quadrinhos. Aprendi muitas coisas e foram dias felizes apesar do sufoco que eu e a Soni passávamos pra conseguir uma graninha e pagar as aulas. Lembro que no fim da aula ela servia um lanche pra nós. Nossa...aquilo era tudo. Estávamos mortas de fome porque não podíamos comer nada já que o dinheiro era curto. Uma vez eu estava dentro do ônibus indo pra Guarulhos e vi a barraquinha de espetinhos que ficava fora da rodoviária do Tiete, e de tanta fome que eu tava a linguiça caiu no chão...o cara colocou de volta pra assar...mas fiquei com vontade de comer do mesmo jeito...coitado do cliente que ia comprar aquilo depois. Mas era assim a nossa vida como iniciante de mangaká. Não tínhamos grana e mesmo assim nos esforçamos. A recompensa viria com certeza. Quase publicamos com a editora Hunt que publicava os mangás do Seasons, mas ela faliu antes. Uma pena...Tudo foi indo bem e fizemos um evento em Taubaté, o Seasons veio e deu uma palestra. O evento foi duca de fazer também porque não havia verba, nos juntamos com uma amiga e meu irmã ajudou. Conheci o Ju-sama que também ajudou no evento mesmo sendo visitante. O evento foi num lugar cedido de graça e foi até bem sucedido.
Eu lembro que antes do evento eu e a Soni ficamos sozinhas sem comida lavando tudo porque tinha pombos que cagavam em tudo e colocamos os desenhos na parede até tarde da noite numa tempestade assustadora. A gente sofreu...no segundo dia de evento eu dormia em pé de cansaço. Desde esse evento nunca mais me aventurei em realizar outro. É muito duro e sem uma equipe grande, sem patrocínio é pedir pra sofrer. As pessoas reclamam dos preços dos eventos, mas a maioria não tem ideia de como é foda realizar um evento por menor que seja, imagina um evento de grande porte. Sei que paramos com os eventos porque nosso objetivo era desenhar e não ser produtoras de evento. Mas foi bom a experiência, conheci a Simone e a Sylvia. Elas são muito fofas e talentosas e eu tenho saudade daqueles momentos. Acho que o Ju tem uma foto do evento, depois peço pra ele uma cópia. Então, GAN faz parte do começo da minha vida profissional de mangaká e tive dicas valiosas que ajudaram a história a ser como é hoje. Eu e a Soni continuamos nosso aprendizado depois do fim do curso com a Mont e conseguimos publicar. Espero que a Montserrat sinta orgulho do Futago algum dia, pois queremos honrar nossas aulas e todas as dicas que foram nos passadas. Talvez ela não tenha se orgulhado muito por termos lançado BL ( º-º'), sei lá, mas ela fez parte do nosso sonho de ser mangaká. Espero que o Seasons publique muitos mangás e tenha o merecido reconhecimento.
Acho que de lá pra cá nosso sonho de ser mangaká só cresceu e muitas coisas nos ajudaram a evoluir, como computadores melhores, internet e principalmente o público que entende melhor o que é o mangá agora. Sinceramente olhando pra trás, nem sabemos como exatamente a gente continuou. Não tínhamos grana nem pra comprar uma aquarela boa pra pintar. Eu só ficava olhando a Mont mostrar os materiais profissionais, já sabendo que não ia comprar mesmo. Mas o que mais usamos foi o conhecimento que foi nos passado. Isso ajudou de verdade porque mesmo sendo autodidata chega uma hora que não é possível evoluir além sem um contato com os profissionais da área que vc quer fazer parte. O "pulo do gato" vem com a experiência de outro. Muitas dicas que ela nos passou não funcionaram com a gente, tivemos que fazer do nosso jeito, mas as dicas foram valiosas. Muita coisa mudou e tivemos que nos adaptar. Antes o artista ia até a editora e mostrava seu portifólio, mas com a gente isso nunca funcionou porque não podíamos ir até as editoras por falta de grana e por sermos desconhecidas ninguém aceitava nos receber e muito menos achava que éramos capazes de desenvolver as ideias que tínhamos. Havia um preconceito com nosso traço que sempre foi mimético. Os editores achavam que era mera cópia e não queriam ler o roteiro. Por isso resolvemos enviar a história já desenhada com capa e tudo, mas isso só deu certo porque os editores começaram a receber trabalhos por e-mail. Eles não precisam ver a cara do artista e muito menos dizer sim ou não, porque recusar uma obra na cara do artista deve ser difícil também. Eles perderiam tempo sendo "legais".
Ah! Uma coisa que eu acho que a Mont não sabe é que foi graças a ela que descobrimos a HQM. Mas eu não tentei a HQM, eu tentei a Quadrix, a Soni que entrou em contato com o editor Carlos quando a Quadrix estava demorando pra lançar o Príncipe do Best Seller. Seria mais uma honra sair junto com a Sensei, mas ela acabou não publicando com a HQM e foi para a NP. Agora estamos conseguindo nosso lugar ao Sol e espero lançar mais mangás. Bom, esse é o começo da jornada de GAN. beijos a todos.^^
Oi, Shirubana. Adorei esse post, é muito legal ver como as coisas eram no começo e imagino que você e Soni sintam muito orgulho dessa trajetória.
ResponderExcluirÉ legal também ver como as coisas não acontecem de uma hora pra outra nem são tão simples como muita gente pensa. Como você citou, é até difícil acreditar que seguiram em frente mesmo com as dificuldades, mas acredito que isso só acontece por que vocês amam o que fazem e sempre tiveram certeza disso.
Produzir quadrinhos aqui é bem isso aí, é preciso muito amor e dedicação, e acredito que ter o trabalho reconhecido é algo indescritível e faz tudo valer a pena!
Opa! Vcs iam publicar pela editora Hant? Seria a obra Avatara? Lembro que a barbara linhares também ia publicar algo. Sabem alguma coisa dela?
ResponderExcluirVerdade, Kelvin. Acho que o amor ao nosso trabalho nos fez seguir em frente. Mas hoje estamos começando a colher os frutos e continuar nosso sonho.^^
ResponderExcluirSim HQ, íamos sair pela Hant, mas o Avatara era do estúdio Rati. Eu não sei por ande anda a Bárbara Linhares. A última vez que ouvi falar dela foi numa matéria numa revista onde ela dizia estar trabalhando com publicidade, acho que ela abandonou o mangá, nunca mais vi desenho dela.
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